quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Comunicadores (as) negros(as) conquistam espaço nas mídias digitais

Por: Redação
09/10/2013
O compromisso com a temática negra e a produção de informação de qualidade fazem com que as mídias negras se consolidem na web


Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) dão conta que mais de 100 milhões de brasileiros têm acesso à internet. Para conseguir alcançar esse público, produtores de conteúdo negro migraram para este que é o meio mais democrático de produção de informação.

Nas mídias negras as notícias têm uma agenda complementar aos meios convencionais para despertar a reflexão do leitor, negro ou branco, sobre as relações raciais no Brasil e no mundo. Apesar dos desafios da criação de um veículo cujo tema central é as relações raciais, o estilo editorial adotado por cada portal, e o primor pela qualidade dos textos e informações divulgadas, são as principais armas para garantia de público e seguidores.

Relações raciais e mídia – a perspectiva paulistana: São Paulo é, atualmente, um pólo de produção de informação negra para a web, pois concentra o maior número de veículos com essa característica no país. Os portais do CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade), Áfricas, Kultafro, Geledés e os blogues e Banho Assento, Elo da Corrente, o canal no YouTube Diário Preto; as páginas no Facebook Nomes Afro, Africanos e seus Significados e Feministas Negras Radicais, assim como a revista Omenelik – 2º Ato, são uma mostra do potencial das mídias negras na web e fora dela.

Juliana Gonçalves – CEERT

Juliana Gonçalves, do CEERT, destaca o compromisso do Centro com a produção de textos informativos e didáticos, destinado para um público ainda em formação sobre questões raciais. A jornalista ressaltou a necessidade de dar visibilidade às fontes negras, afim de que possam contribuir em notícias sobre os mais variados assuntos em outros meios de comunicação.

Luiz Paulo Lima – Kultafro

Luiz Paulo Lima, do Kultafro, alerta para as estratégias de conquista de novos leitores e fidelização do público. De acordo com Lima, o site tem uma preocupação com a escolha dos temas a serem abordados e o tratamento dado a cada notícia. “O título e as imagens na home são fundamentais. Um título passivo passa desapercebido na web que tem muita informação”, pontua.

Luiz Paulo Lima – Kultafro

Luiz Paulo Lima, do Kultafro, alerta para as estratégias de conquista de novos leitores e fidelização do público. De acordo com Lima, o site tem uma preocupação com a escolha dos temas a serem abordados e o tratamento dado a cada notícia. “O título e as imagens na home são fundamentais. Um título passivo passa desapercebido na web que tem muita informação”, pontua.

Washington Luiz – Portal Áfricas

Investimento públicos nas mídias negras – Washington Lúcio, do Portal Áfricas, alerta para a necessidade de mais investimento nas mídias negras. O jornalista denuncia que o governo brasileiro ainda não investe recursos publicitários nos sites e portais de conteúdo etnicorracial. Para ele é necessário traçar uma estratégia para que esse veículos tenham o mesmo acesso aos recursos que as mídias convencionais.

Blogues, fan-pages e canais de vídeo - A facilidade de acesso e a possibilidade de contribuir para o conteúdo postado atraem os leitores, vistos agora como integrantes, dos blogues, fan-pages e canais de vídeos nas redes sociais. Para Jairo Pereira, artista multimídia, a inspiração para criação Diário Preto no YouTube foi a indignação pessoal em relação a alguns casos emblemáticos de racismo.

Jairo Pereira – Diário Preto

Nos vídeos que produz, Jairo expõe suas opiniões sobre os mais diversos temas, sempre vinculados a temática negra, e convida o expectador à reflexão. “O que a gente enfrenta no dia a dia são as pessoas que não conseguem ver a importância das ações afirmativas. Fazemos as pessoas parar pra pensar”, pontua.

Feminismo negro na pauta - O blogue Banho de Assento foi criado para divulgar receitas caseiras para cura de enfermidades. É um espaço feito por mulheres para as mulheres. “Costumo dizer que o Banho de Assento é um blogue de perereca”, diz Jacqueline Romio, responsável pelo site. A blogueira conta que o espaço se transformou num fórum de ajuda e troca de informações sobre doenças sexualmente transmissíveis, relacionamentos e aconselhamento para mulheres de todas as raças e etnias, de diferentes faixas etárias.

Jacqueline Romio – Banho de Assento

Além disso, o site também é uma área de militância política e divulgação cultural negra. Fascinada por tecnologia, ainda atua na página privada no Facebook Feministas Negras Radicais, grupo formado majoritariamente por mulheres, que discute os reflexos do racismo, sexismo e da lesbofobia na sociedade brasileira.

Quem também explora o mundo de possibilidades oferecido pelo Facebook é Renata Molinaro, da fan-page Nomes Afro, Africanos e seus Significados. De acordo com Renata, a criação da página partiu de uma necessidade particular de estar mais próxima da ancestralidade africana. Com quase 20 mil seguidores, Renata conta que se sente acolhida pelos contatos do blogue. “Ali estou entre os meus”, diz.

Michel Yakini – Blog Elo da Corrente

Literatura negra - O trabalho com rádios comunitárias em São Paulo, inspirou em 2007, a criação do blogue Elo da Corrente e do Coletivo Literário Negro. O site conta com textos políticos, literários e poéticos, divulga a realização de saraus e outras atividades relacionadas a produção literária. Michel Yakini, escritor, um dos responsáveis pelo conteúdo, conta que, mesmo não sendo de comunicadores, conseguiram conquistar o público e “se estabelecer fora da imposição da invisibilidade”. Michel reconhece na web a possibilidade de “ampliar as redes de comunicação e ir além delas. Uma extensão para a divulgação da literatura negra”, conta.


Nabor Júnior – Omenelick 2º Ato

Imprensa Negra – Nabor Júnior, resgatou um dos ícones da imprensa negra do século 19 no Brasil, o jornal Omenelick, com a criação de uma revista homônima: a Omenelick – 2º Ato. Nabor conta que a decisão por um meio de comunicação físico partiu da necessidade de preencher o espaço por mais informações sobre a produção artisticocultural negra paulista. Segundo o jornalista, a revista conta as experiências urbanas a partir do ponto de vista racial e da juventude. “Temos um potencial a ser explorado em relação ao público jovem, se bem usada, a ferramenta tem bons resultados”, comenta Nabor.

Palmares 25 Anos – Mídias e Relações Raciais: Os depoimentos são fruto dos debates “Territórios Negros na Urbes Paulistana: Mídia e Relações Raciais e Novas Mídias Negras”, que aconteceram nos dias 03 e 04 de outubro, em São Paulo. Durante os dois dias de discussões, comunicadores dos principais sites e blogues negros do estado, aproveitaram a oportunidade para dialogar sobre o trabalho que desempenham e fortalecer parcerias.

Fonte: Áfricas

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